Queda de cabelo é uma queixa frequente no consultório dermatológico e que causa muita preocupação ao paciente.
Quando os fios começam a cair rapidamente e em grande quantidade, surge a preocupação de ficar careca.
Existem diversas causas de quedas de cabelo. Algumas delas são temporárias, outras são crônicas; algumas são definitivas, enquanto em outras o cabelo é reposto.
Sempre que a queda de cabelo começa no paciente, recomendamos uma avaliação médica para diagnosticarmos corretamente o problema e evitar possível piora do quadro, principalmente quando se trata de queda crônica e definitiva.
Nesse texto, vamos tratar de duas doenças muito comuns que causam queda de cabelo: a alopecia androgenética (calvície) e o eflúvio telógeno (queda de cabelo passageira).
O papel do dermatologista nas quedas de cabelo
Você sabia que o dermatologista é o responsável pela investigação, diagnóstico e tratamento das doenças do couro cabeludo e dos pelos do corpo?
O pelo é um anexo da pele, portanto faz parte da avaliação do dermatologista.
A tricologia é a área dentro da dermatologia que estuda as doenças de cabelo. Todo dermatologista estuda a tricologia durante a sua formação.
Lembrando que a tricologia não é uma especialidade médica, mas sim uma área de atuação do dermatologista.
O Dr Gabriel é dermatologista e seu foco é na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças da pele, cabelos e unhas.
Ele é especialista em alopecias e quedas de cabelo.
Portanto, ele está preparado para te ajudar caso você apresente alguma queixa em relação aos cabelos.
Durante a consulta, realizamos a tricoscopia, que é um exame com uma lupa especial para avaliarmos a saúde do couro cabeludo e dos fios.
Essa é uma ferramenta que ajuda bastante no diagnóstico do paciente e no acompanhamento durante o tratamento.
O Dr. Gabriel recebeu quase 200 avaliações no Doctoralia apenas nos últimos 12 meses. Veja algumas delas:
Alopecia androgenética: a queda que causa calvície
Alopecia androgenética é o nome médico que damos para a queda de cabelo que causa a calvície. É uma queda de cabelo definitiva, ou seja, o cabelo cai e não é reposto, deixando a pessoa calva.
Essa queda de cabelo é muito comum, pode afetar homens e mulheres e pode começar na adolescência ou na vida adulta.
Quais os sinais da calvície?
Geralmente, os pacientes com alopecia androgenética não sentem nada no couro cabeludo (nada de coceira, ardência, dor, feridas). O que acontece é uma sensação lenta e gradual de que o cabelo está ficando mais ralo.
No homem, é muito fácil identificar o início da alopecia androgenética. Normalmente essa alopecia começa com as entradas na testa ou com aquele vazio na região da coroa.
Com o tempo, esses vazios vão aumentando e se juntando, formando a careca que conhecemos.
Já na mulher, o problema não causa uma careca como no homem. O que a mulher costuma perceber é uma diminuição do volume do cabelo ou do rabo de cavalo, além do cabelo não crescer comprido como crescia anos atrás.
Em casos mais avançados, com anos de doença e sem tratamento, a mulher também pode ficar com o couro cabeludo bem ralo.
Resumindo, esses são os sinais que você deve ficar atento.
No homem:
- Surgimento de entradas (toda entrada no homem é suspeita de alopecia androgenética);
- Cabelo mais ralo na região na coroa;
- Afinamento do fio.
Na mulher:
- Afinamento do fio;
- Encurtamento do fio – o cabelo não cresce comprido como anos atrás;
- Rabo de cavalo menos volumoso.
Por que a alopecia androgenética acontece?
A explicação para a alopecia androgenética está no nome: é uma queda de cabelo (“alopecia”) causada pela genética do paciente e pela influência dos hormônios masculinos (“andro”) circulando no corpo.
Lembrando que a mulher também tem hormônios masculinos no seu corpo.
Quando um paciente tem história na família de homens calvos ou com entradas, ou então de mulheres com cabelo bem ralo e curto, devemos ficar atentos à chance do paciente ter genética para desenvolver a calvície.
Nas pessoas que tem genética para calvície, os hormônios masculinos se ligam à raiz dos fios, causando um afinamento e encurtamento progressivo desse cabelo.
Esse processo de afinamento e encurtamento do fio é chamado de miniaturização; é como se o cabelo fosse ficando numa versão “mini”.
A miniaturização não ocorre rapidamente. Ela acontece com o passar dos anos, de maneira lenta e gradual. Quando notamos que o problema, ele provavelmente já está acontecendo há alguns meses ou anos.
Se o paciente não faz tratamento para o problema, esse processo de miniaturização acontece até o fio sumir completamente. É como se ele fosse encurtando, encurtando, até sumir. Depois disso, ele não volta mais.
Entretanto, nem todo mundo que tem alopecia androgenética vai ficar 100% calvo. Isso depende da “força” da sua genética e dos hormônios masculinos dentro do seu corpo.
Por isso, quem tem pouca genética para alopecia androgenética só vai ter entradas na testa. Isso é bem comum. Cerca de 70% dos homens até os 70 anos vão ter pelo menos entradas.
Porém, se o paciente carrega muita genética para essa alopecia, ele pode ficar completamente calvo muito jovem.
Às vezes, o paciente apresenta pouca genética para o problema, mas faz uso de testosterona para ganho de massa muscular ou melhora no desempenho sexual. A testosterona é como se fosse o combustível para o problema, intensificando a calvície e fazendo ela acontecer mais rápido.
Como diagnosticar a alopecia androgenética (calvície)?
Para o diagnóstico, é necessário o acompanhamento com um dermatologista. O dermatologista é o médico especialista em doenças do couro cabeludo e cabelo.
Quando o caso é mais intenso, é possível fazer o diagnóstico na primeira consulta, através da conversa com o paciente, exame físico e avaliação do couro cabeludo com a lupa (dermatoscópio).
Com o dermatoscópio, conseguimos ver o couro cabeludo com um aumento de 10 vezes, podendo enxergar detalhes que não vemos a olho nu.
Entretanto, em casos leves ou iniciais, nem sempre conseguimos encontrar todos os sinais do problema na primeira consulta. Nesses casos, pode ser necessário um acompanhamento do paciente por alguns meses para confirmarmos a suspeita.
Podemos também realizar alguns exames específicos, como a biópsia do couro cabeludo, que ajuda a avaliar o processo de miniaturização.
Tratamento para a calvície (alopecia androgenética)
Se você se incomoda com a possiblidade de ficar calvo, é muito importante procurar um médico dermatologista assim que suspeitar de alguma mudança no cabelo.
Isso porque, quanto antes diagnosticamos o problema, melhor é o resultado do tratamento.
Os tratamentos que temos disponíveis atualmente tem uma função principal: segurar os fios de cabelo que você ainda tem no couro cabeludo.
Ele pode até recuperar um pouco os fios que você perdeu, mas não volta com todo o cabelo que você tinha na juventude.
Se o paciente chega no consultório com uma calvície já intensa e deseja ficar cabeludo novamente, infelizmente ele não terá o resultado esperado. Nesses casos, a única solução do paciente é o implante capilar.
Por isso, tratar enquanto ainda temos cabelo é fundamental.
Existem diversos tratamentos para queda de cabelo. Algunss são em comprimidos, outros em spray, outros são procedimentos no couro cabeludo.
Fique atento à escolha da melhor terapia para você, pois existem tratamentos que tem grande evidência científica, enquanto outros não.
Além disso, nem todo tratamento da alopecia androgenética precisa ser caro. Algumas opções são baratas e tem mais evidência científica do que outros.
Essa é a importância de avaliar seu cabelo com alguém que entende do problema, está atualizado e também se preocupa em escolher a melhor terapia para cada caso.
Uma dica importante é a de que os problemas de couro cabeludo estão sendo muito estudados nas últimas décadas e todo ano temos novidades no diagnóstico e no tratamento.
Por causa disso, sempre vale a pena avaliar com o dermatologista anualmente para saber se o tratamento que você está usando é a opção mais moderna e adequada para o seu caso, ou se surgiu algo novo para você.
Eflúvio telógeno: uma queda de cabelo passageira
Eflúvio telógeno é o nome que damos à queda de cabelo mais comum que existe. Na maioria das vezes ela é uma queda temporária, ou seja, tem data para começar e acabar.
Ela também é uma queda em que os fios são repostos – um fio novo nasce no lugar do fio antigo que caiu.
Apesar dessas características, o eflúvio telógeno costuma causar muita preocupação. Isso porque ela pode ser intensa, diminuindo o volume do cabelo intensamente em algumas semanas.
Essa queda de cabelo pode acontecer em homens e mulheres de todas as idades.
Quais as causas do eflúvio telógeno?
A lista de problemas que podem causar o eflúvio telógeno é grande:
- Infecções (Covid, pneumonia, dor de garganta);
- Doenças descontroladas (diabetes, pressão alta);
- Doenças da tireoide;
- Cirurgias;
- Internações hospitalares;
- Má absorção de nutrientes pelo intestino (cirurgia bariátrica, doenças);
- Dietas muito pesadas;
- O início ou interrupção de uma medicação;
- Química no cabelo (tinturas, alisamentos);
- Estresse, depressão, ansiedade.
Como a queda de cabelo acontece?
Qualquer uma das causas de queda de cabelo da lista acima são situações que exigem muito do nosso corpo.
Quando passamos por um desses problemas de saúde, o corpo precisa concentrar seus esforços e nutrientes para resolver aquele problema.
Nesse momento, os cabelos deixam de ser prioridade do corpo.
Seja por uma infecção, uma cirurgia, uma dieta ou um problema emocional, naquela situação os cabelos são “esquecidos” pelo organismo.
Por causa disso, os cabelos acabam “morrendo” antes do que deveriam e caem. Mas os cabelos não caem no mesmo dia que morrem!
Nossos fios de cabelo são como árvores, que após a morte, ficam presas pela raiz por um tempo antes de caírem ao chão. Após a “morte”, o fio de cabelo só vai cair cerca de 3 meses depois.
Isso significa que, quando estamos com eflúvio telógeno, a causa da sua queda de cabelo que começou há 1 mês provavelmente aconteceu há 4 meses.
Quanto tempo essa queda de cabelo costuma durar?
A queda de cabelo eflúvio telógeno costuma durar cerca de 3 meses. É o tempo que demora pro corpo se livrar daqueles fios que “morreram” no período em que enfrentou a doença ou estresse causador.
Um exemplo: se o paciente fez uma cirurgia complexa em janeiro, sua queda deve começar mais ou menos em abril e durar até junho.
Após um tempo, se o paciente passar por outro gatilho, outro eflúvio telógeno pode acontecer. Infelizmente, esse é um problema que pode acontecer várias vezes durante a vida.
Após os 3 meses de queda, o cabelo para de cair e podemos observar pequenos fios surgindo no lugar dos que caíram.
Se o paciente for saudável e não tiver outros problemas de cabelo, essa reposição acontece naturalmente, sem necessidade de medicações ou vitaminas.
No caso dos pacientes com cabelo comprido, a queda do cabelo costuma fazer falta por mais tempo.
Isso porque demora muito para o fio novo que está nascendo crescer por completo e atingir o comprimento desejado. Por isso, devemos evitar novos gatilhos de eflúvio para que o cabelo não perca mais volume.
Durante esse período de queda, o paciente costuma perceber a queda dos fios de várias maneiras: ao pentear o cabelo, ao lavar o cabelo, vendo os fios em maior quantidade no chão de casa ou no travesseiro.
Quando diagnosticamos o eflúvio telógeno, a melhor coisa que o paciente faz para a melhora dos cabelos é cuidar do resto do corpo – tanto a parte física quanto a mental. Quando tudo funciona bem, sobra atenção pro cabelo crescer e ficar saudável.
Entretanto, quando a causa da queda de cabelo persiste (a doença continua descontrolada, o paciente ficou internado por muito tempo, a dieta pesada continua, o emocional ainda está abalado), a queda pode durar muito mais que 3 meses. Quando a queda passa de 6 meses, chamamos de Eflúvio telógeno crônico.
Alguns pacientes acabam tendo o eflúvio telógeno crônico, mas nem sempre encontramos qual a causa do problema. Acredita-se que tenha uma certa influência da genética nesses casos.
O eflúvio pós-parto
Um outro evento comum a várias mulheres é a queda de cabelo logo após o parto. É o que podemos chamar de eflúvio pós-parto.
Durante a gravidez, por causa das alterações hormonais que acontecem no corpo da mulher, os fios de cabelo conseguem viver por muito mais tempo do que o normal.
Por causa disso, eles acabam caindo muito menos durante a gestação. É comum as grávidas perceberem os cabelos mais volumosos e receberem elogios.
Entretanto, após o parto, os hormônios voltam ao normal. Isso faz com que o ciclo de vida dos fios também volte ao normal.
O problema disso é que vários fios acabam “morrendo” ao mesmo tempo, causando uma queda intensa.
Outro motivo que também contribui com a queda é o próprio parto. É um evento que exige muito do corpo, e os cabelos acabam não sendo prioridade naquele momento. Por isso, acabam sofrendo e caindo algum tempo depois.
Geralmente, a história da queda pós-parto é como a história de outros eflúvios telógenos: uma queda intensa que acontece a partir do terceiro mês após dar à luz.
Essa queda teoricamente deve durar cerca de 3 meses. Porém é muito comum ver mulheres queixando-se de queda por 6 ou 9 meses.
Isso provavelmente acontece porque existem outros eventos contribuindo para que a queda continue: as noites mal dormidas, alimentação nem sempre adequada, o estresse, a falta de algum nutriente, entre outros.
É sempre recomendável, se a paciente se preocupa com o cabelo, que procure atendimento dermatológico quando a queda de cabelo começar. Principalmente se a queda é muito intensa ou está durando muito tempo.
Qual a importância de consultar o dermatologista durante o eflúvio telógeno?
Se o paciente se importa com os cabelos, é muito importante visitar o dermatologista ao notar qualquer mudança na intensidade da queda dos cabelos.
Uma boa avaliação garante maior chance de diagnosticarmos adequadamente, ajuda a identificar quais as possíveis causas, além de permitir o acompanhamento da melhora da doença.
O exame do couro cabeludo permite descartar outras causas de queda de cabelo que são definitivas e/ou mais graves.
Quando necessário, também solicitamos exames de sangue para investigar possíveis causas ou acompanhar nutrientes e hormônios circulando no sangue.
Quando necessário, solicitamos biópsia do couro cabeludo ou o exame de tricograma para descartar outras doenças.
Um outro motivo muito importante para consultar com dermatologista nos momentos de queda de cabelo é a possibilidade de o eflúvio telógeno não ser a única doença no couro cabeludo.
É comum o eflúvio acontecer e, por causa da diminuição intensa dos fios, o paciente procurar o dermatologista.
Na consulta, descobrimos que já tinha outro processo acontecendo no couro cabeludo, como uma alopecia androgenética ou de tração, mas que só ficou evidente depois da queda intensa do eflúvio.
Por exemplo, quando o paciente tem tendência à calvície (alopecia androgenética) e passa por várias quedas causadas por eflúvio telógeno, a calvície fica cada vez mais evidente.
É como se o eflúvio acelerasse o processo da calvície no paciente.
Suspeitei que a queda de cabelo é por causa de uma medicação nova. Devo interromper o uso da medicação?
Não necessariamente! A queda causada pela medicação pode ter acontecido só por causa do “período de adaptação” do corpo com a medicação.
Nesses casos, a queda interrompe depois de um tempo e não volta mais por causa do remédio.
Porém, algumas medicações específicas podem fazer o cabelo cair e a queda só interrompe se a medicação for trocada.
Para saber qual o seu caso, avalie com o médico que prescreveu a medicação para você e, se a dúvida persistir, consulte um dermatologista.
Comecei a ter queda de cabelo. Devo iniciar o uso de polivitamínicos por conta própria?
Não! A primeira coisa é descobrir qual o tipo de queda você está tendo. Se a sua queda for uma calvície, por exemplo, a vitamina não vai ajudar quase nada.
Se a queda realmente for um eflúvio telógeno mas a causa for uma alteração da tireoide, a vitamina não vai ter efeito nenhum.
Logo, não se auto-medique quando tiver uma queda de cabelo. As chances de você não estar ajudando ou até de piorar o quadro são grandes.
Devo usar shampoo antiqueda para tratar a queda de cabelo?
Existem várias marcas de xampus antiqueda que encontramos nas lojas e farmácias, das mais diferentes composições e preços.
Entretanto, se formos analisar cientificamente, não existem muitos estudos bons que comprovam que o xampu antiqueda funciona de verdade.
Até existem estudos, mas com poucos pacientes e com fórmulas específicas.
Existem outros tratamentos que já tem evidência científica comprovada na queda de cabelo e que tem muito mais chance de trazer bons resultados pra você.
Sendo assim, o que podemos recomendar seguindo a ciência é: não tem problema usar, não vai fazer mal. Mas talvez também não tenha efeito nenhum na sua queda.
Caso você queira tratar a sua queda de cabelo, vale a pena passar por uma consulta dermatológica para decidir por tratamentos que realmente tem eficácia comprovada.
Assim, você estará gastando seu dinheiro com algo que realmente pode trazer benefícios para o seu couro cabeludo.
Se sobrar dinheiro, aí sim vale a pena investir no xampu.
Queda de cabelo pode ser desesperador, mas tem solução
Os cabelos não são parte essencial do nosso corpo e não influenciam no funcionamento dos órgãos internos. Podemos viver sem eles!
Entretanto, as quedas de cabelo podem causar grande sofrimento ao paciente. Isso porque o cabelo tem uma importância social e cultural muito grande.
Se as quedas causam preocupação a você, não deixe de procurar atendimento dermatológico.
Quanto antes diagnosticado e tratado, melhor para a saúde do seu couro cabeludo, para o volume e comprimento dos fios, e para seu emocional.
Fonte:
Eflúvio Telógeno – Sociedade Brasileira de Dermatologia
Conheça o eflúvio telógeno, um tipo de queda de cabelo – SBD-SP
Queda de cabelo repentina pode ser eflúvio telógeno agudo – SBD-RS
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