Os Eczemas, popularmente conhecidos como Dermatites, são um grande grupo de doenças dermatológicas.
Todas elas tem em comum a lesão de pele, que também é chamada de eczema e que costuma ser uma placa avermelhada, por vezes descamativa, com crostas e até com liberação de líquido.
Apesar de terem a mesma lesão de pele, cada dermatite é causada por um motivo diferente e aparece em lugares específicos do corpo.
Portanto, nem toda dermatite é a mesma coisa – se não acharmos a causa do problema, o paciente pode ter recidivas e a doença não se resolve.
Nesse artigo, discutiremos sobre a dermatite atópica.
O que é a dermatite atópica
Dermatite atópica, ou eczema atópico, é uma doença de pele muito comum em crianças e adolescentes de todas as idades. Ela também pode acompanhar o paciente na vida adulta.
Ela é uma doença que vem da genética, portanto não é contagiosa. “Atopia” é a tendência genética de se desenvolver alergias.
Não é necessário que os pais também tenham história de dermatite atópica, entretanto é comum que os familiares mais próximos tenham história de alergias, sejam elas alimentares, asma ou rinite alérgica, por exemplo.
Por causa disso, seus filhos tem mais chance de serem atópicos.
Na dermatite atópica, os eczemas podem surgir na pele desde as primeiras semanas de vida.
A história da doença costuma ter períodos de piora, em que as lesões ficam intensas e disseminadas, e outros períodos de calmaria, em que o paciente não apresenta nenhuma manifestação na pele.
Essas recidivas e remissões podem acontecer durante toda a infância e adolescência do paciente, passando também para a vida adulta em alguns casos.
A frequência e a intensidade das recidivas vão depender da carga genética de cada paciente e da exposição do indivíduo a gatilhos que pioram a doença.
A barreira protetora da pele
Todos nós produzimos uma barreira protetora na nossa pele, que serve como um escudo, impedindo a agressão de microorganismos e das substâncias que entramos em contato no nosso dia-a-dia.
Quando o paciente tem dermatite de contato, ele não consegue produzir de maneira adequada essa proteção, deixando a pele exposta a agressões.
A partir daí, tudo que o paciente atópico entra em contato pode irritar a pele. Um simples sabonete, que não causa nenhum problema na minha pele, pode causar grande ressecamento, irritação e coceira no atópico.
Sinais e sintomas da dermatite atópica
A localização das lesões de pele costumam variar de acordo com a faixa etária do paciente. Porém, de maneira geral, os lugares mais comuns onde as lesões surgem são as fossas dos cotovelos, atrás dos joelhos, pescoço e rosto.
Em casos mais graves, as lesões podem acometer todo o corpo.
É fácil perceber que a pele do paciente tem aspecto muito ressecado, causando uma textura grosseira ao toque. Pode surgir até descamação da pele.
As lesões de pele coçam bastante, atrapalhando muito a qualidade de vida do paciente e da família.
Quando no bebê, a coceira pode atrapalhar o sono da criança, causando um transtorno em toda a família. Na fase escolar, a coceira pode atrapalhar na concentração e desenvolvimento da criança.
O paciente com dermatite atópica também está mais suscetível a infecções fúngicas (micoses), virais (herpes, molusco contagioso, verrugas) e bacterianas.
A coceira pode ser muito intensa, podendo virar feridas e até infeccionar. A infecção da lesão é uma das complicações da doença, e exige tratamento com antibióticos e cuidados locais.
A importância do acompanhamento com o dermatologista
Como a doença pode ter períodos de piora e melhora durante toda a infância e adolescência do paciente, passando algumas vezes para a vida adulta, essa doença necessita de acompanhamento médico para evitarmos crises frequentes.
Quando o paciente e a família não entendem bem a doença, ou quando não realizam o acompanhamento adequado, a doença tende a se tornar mais grave e mais frequente.
Vários estudos científicos já foram realizados sobre o impacto da doença na qualidade de vida do paciente e da família.
A dermatite atópica atrapalha o sono dos bebês e dos pais, causa muita preocupação nos períodos de crise, leva a consultas no pronto-atendimento quando há uma infecção de pele.
Tudo isso atrapalha na rotina da família e no crescimento e desenvolvimento da criança.
Durante a especialização, o dermatologista aprende a identificar a dermatite atópica através dos menores sinais na pele do paciente.
É muito comum o paciente entrar pela porta do consultório e já ser possível identificar qual problema ele tem, sem nem mesmo começarmos a conversa.
Por causa disso, é importante avaliarmos com quem está apto a melhor te ajudar, identificando corretamente a doença e indicando as melhores opções de tratamento para você.
O Dr Gabriel, durante sua especialização, atendeu diversas crianças no ambulatório de Dermatopediatria do Hospital Universitário Júlio Muller, auxiliando no diagnóstico e tratamento adequado. Desde então, já acompanhou muitas famílias com o diagnóstico.
Diagnóstico da dermatite atópica
O diagnóstico é feito através de consulta médica. O dermatologista avalia toda a história da doença e o aspecto das lesões, sem necessidade de exames na maioria das vezes.
Geralmente, exames de sangue não precisam ser pedidos, pois não existe um exame específico que confirme a doença.
Quando temos dúvida do diagnóstico, podemos realizar biópsia de pele, mas na maioria das vezes o procedimento não é necessário.
Quais orientações o paciente com dermatite atópica e a sua família devem saber?
Os pacientes e familiares precisam entender bem a doença para conseguirem controlá-la.
Com o passar do tempo, o próprio paciente vai percebendo que o contato com certas substâncias fazem as lesões de pele surgirem, encorajando-o a evitar essas situações.
Essas são 5 dias para que o paciente consiga controlar melhor sua doença:
- Evitar contato com possíveis gatilhos para as lesões: maquiagem, perfume, tinta, pó de giz;
- Evitar banhos de bacia, piscina ou rio prolongados: parece estranho, mas ficar muito tempo dentro d’água pode ressecar a pele depois;
- Preferir lavar as roupas com sabão de coco, enxaguando bem, e evitar amaciante;
- Preferir banhos mornos ou frios, de curta duração, com pouco sabonete e sem bucha: todas essas orientações de banho ajudam a preservar a barreira protetora da pele do paciente;
- Explicar a doença para os familiares e para a escola: é muito comum família fazer os cuidados corretos em casa mas a criança piorar após entrar em contato com os gatilhos na escola ou na casa de um parente. Explique a situação a todos para que a criança não tenha recidivas.
Como é o tratamento da dermatite atópica?
O tratamento básico da dermatite atópica consiste no uso de hidratantes que fortalecem a barreira protetora da pele.
Esses hidratantes são usados tanto nos momentos de crise quanto nos momentos em que a pele está sem lesões; a intenção é evitar o surgimento de novas crises.
Mas veja bem, não serve qualquer hidratante. Geralmente os hidratantes com perfumes e corantes, aqueles que usamos mais para perfumar o corpo, podem até piorar a dermatite.
Os corticoides são muito utilizados na dermatite atópica. Eles ajudam a diminuir a inflamação e coceira da pele, acalmando a doença.
Entretanto, devemos usá-las com cuidado, pois tanto os xaropes e comprimidos quanto as pomadas de corticoide podem trazer efeitos adversos definitivos ao paciente quando usados incorretamente (estrias, vasos sanguíneos aparentes na pele, afinamento da pele, prejuízo da visão, enfraquecimento dos ossos, aumento da glicose do diabetes, entre outros).
Outra pomada que utilizamos são os inibidores da calcineurina, com função similar à do corticoide.
Em pacientes com quadros graves, existem medicações que podemos usar de modo contínuo. Os imunobiológicos, por exemplo, são medicações muito modernas feitas através de injeção debaixo da pele pelo próprio paciente ou familiar, em casa.
Se você suspeita do diagnóstico de dermatite atópica em você ou em algum familiar, procure um dermatologista e interrompa esse ciclo de crises.
Fonte:
Dermatite atópica – Sociedade Brasileira de Dermatologia
Dermatite atópica – Ministério da Saúde
O que é a Dermatite atópica – SBD-SP
Dermatite atópica – Drauzio Varella
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